domingo, 29 de setembro de 2019

Cinema: Cults, Clássicos e Filmes de Arte! - Afinal, quais são as diferenças?

Cinema: Cults e Clássicos - Afinal, quais são as diferenças? - Marcos Doniseti!

'Blade Runner' (1982) é um exemplo de filme 'Cult' que, depois, passou a ser considerado um Clássico. 

Existe um debate intenso sobre o que seria um filme Clássico e o que seria um filme Cult e em várias publicações nas redes sociais surgiu uma discussão bastante interessante sobre o assunto.

A respeito de filmes considerados Cult, eu reproduzo os ótimos comentários do Luiz Matos, alguns cinéfilos dizem o seguinte:

"Interessante que o termo 'Cult' atualmente tem sido usado para se classificar filmes que possam ser mais 'cabeça', intelectuais, coisa do tipo. Até alguns anos atrás 'Filme Cult' (pelas informações que eu sempre li) era um filme que havia sido um fracasso de bilheteria, ou até mesmo de crítica (ou os dois), mas que acabou ganhando fama e muitos admiradores entre grupos de cinéfilos com o passar dos anos, passando a ser cultuado, daí a justificativa da palavra em inglês".

Eu concordo com essa definição, que me parece ser a correta.

A expressão 'Cult' sempre foi usada no sentido de designar um tipo de filme que, independente de ter sido sucesso ou não (de crítica ou de público), passou a ser 'cultuado' por um certo número de fãs, que se reuniam para assistir ao filme inúmeras vezes, conversavam e debatiam sobre o filme, enfim, eles cultuavam o filme.

Um exemplo perfeito de filme que se tornou Cult é 'The Rocky Horror Picture Show', que passou a reunir os fãs em eventos nos quais o filme era exibido e os fãs compareciam usando figurinos semelhantes aos dos personagens. 

Assim, passaram-se a usar as expressões 'Cult Movie' e 'Classic Cult' para designar tais filmes.


Cena de 'Acossado' (1960), revolucionário filme de Godard, um cineasta Autoral que influenciou muitos outros cineastas. O chamado 'Cinema Autoral' deu origem ao que se passou a chamar de 'Filmes de Arte'.

Porém, ultimamente os conceitos de filmes Cult, Clássicos e mesmo de 'Filmes de Arte' (expressão que é originária da ideia de Cinema Autoral) estão sendo misturados por muitos cinéfilos. Enquanto isso, a expressão 'Filmes de Arte' passou a designar aqueles que são dirigidos por cineastas de perfil Autoral e que são exibidos principalmente pelo 'Circuito Alternativo', em cineclubes, universidades, salas de pequeno porte.


Entendo que os filmes chamados de Clássicos são aqueles que possuem uma certa importância para a história do Cinema e cujos diretores também são bastante significativos, tendo influenciado muitos outros, influência essa que chega até os dias atuais.

Temos muitos cineastas cuja obra preenchem esses requisitos, como são os casos de Hitchcock, Kubrick, Fellini, Welles, Rossellini, Jean Renoir, Visconti, Fassbinder, Godard, Kurosawa, Varda, Resnais, De Sica, Mizoguchi, Nicholas Ray, Antonioni, Carlos Saura, Tarkovski, Wim Wenders, Malle, Almodóvar, Coppola, Melville, Truffaut, Kieslowski, Fritz Lang, Glauber e por aí vai.

Enfim, é uma lista bastante vasta.

Além disso, certos filmes que, originalmente, eram considerados 'Cult' acabaram conquistando reconhecimento, de público e de crítica, e passaram a ser considerados Clássicos.

Um exemplo muito bom disso é 'Blade Runner', que não chamou a atenção de quase ninguém quando foi lançado mas que conquistou um público fiel que passou a cultuar o filme e que, agora, também é considerado um Clássico.
 
'Psicose' (1960) é um filme clássico de Hitchcock. Mas durante muito tempo o cineasta britânico foi considerado alguém cuja obra seria de menor importância. Foram os críticos da 'Cahiers du Cinéma' (Truffaut, Godard, Chabrol, Rivette, Rohmer) que travaram uma verdadeira batalha durante a década de 1950 e, assim, conseguiram mudar o conceito que se tinha da obra do 'Mestre do Suspense'.

Aliás, o grande Alfred Hitchcock foi considerado, por muito tempo, um cineasta comum, meramente comercial, que nunca tinha contribuído em nada para o Cinema.

Quem mudou o status de Hitchcock foram os críticos, chamados de 'Jovens Turcos', da revista 'Cahiers du Cinéma' (Truffaut, Godard, Chabrol, Rivette, Rohmer, os criadores da 'Nouvelle Vague') que, durante os anos 1950, travaram uma intensa batalha contra a crítica do período a fim de convencer a todos da importância do trabalho de Hitchcock. 

E os 'Jovens Turcos' acabaram triunfando e, depois, Hitchcock passou a ser considerado como um verdadeiro Mestre do Cinema. Mas nem sempre foi assim. 

Além disso, também foi possível perceber que, ultimamente, muitas pessoas, em muitas redes sociais, designam os filmes Clássicos e os também chamados de 'Filmes de Arte' ou 'Autorais' como sendo Filmes Cult, misturando tudo. 

Talvez isso tenha acontecido porque temos um canal de TV por assinatura chamado 'Telecine Cult' que exibe muitos filmes Clássicos e mostra também os chamados 'Cults' e os 'Filmes de Arte' e de cineastas 'Autorais'. 

Enfim, atualmente está tudo sendo misturado, mas é bom que se saiba que fazer isso não me parecer ser inteiramente correto, pelos motivos que apontei nesse texto. 

'Blow-Up' (1966), de Michelangelo Antonioni, é uma das principais obras dos anos 60, retratando a 'Swinging London' (Londres Psicodélica), ao mesmo tempo em que indaga a respeito da natureza da realidade. Ele é um exemplo dos chamados 'Filmes de Arte'. 

 Link:

A lista dos 100 Melhores Filmes Cult de todos os tempos:
https://www.revistabula.com/11307-os-100-melhores-filmes-cult-de-todos-os-tempos/

Nenhum comentário: