domingo, 11 de março de 2018

'Arquivo X' - 'Familiar' é um 'Monstro da Semana' clássico e macabro que parece ter saído direto da 2a. temporada e que condena a intolerância! - Marcos Doniseti!

'Arquivo X' - 'Familiar' é um 'Monstro da Semana' clássico e macabro que parece ter saído direto da 2a. temporada e que condena a intolerância! - Marcos Doniseti!
Andrew Eggers: Garotinho saudável, alegre e que canta uma música para o 'Mr. Chuckle Teeh' logo na abertura do episódio? Pronto, você já sabe que o garotinho já era...

Um 'Monstro da Semana' clássico!


'Familiar' foi um episódio fantástico, com todos os elementos clássicos dos melhores episódios de 'Monstros da Semana' de 'Arquivo X': uma história envolvendo forças sobrenaturais (o Demônio em pessoa), bruxaria, clima de mistério e suspense, final em aberto, escuridão, uma trilha sonora fantástica de Mark Snow.

A frase de abertura foi a mais clássica de todas: 'A Verdade Está Lá Fora', o que reflete a clara intenção de Chris Carter e da equipe de criação de produzir um episódio com todos os elementos que consagraram a série. Assim, mais uma vez a frase de abertura está relacionada com a trama, algo que está acontecendo em todos os episódios desta ótima temporada. 

E o nome do episódio ('Familiar') também possui vários significados, como também é tradicional na série. 

Em primeiro lugar, na superstição britânica da Idade Moderna, um espírito familiar  geralmente aparece em forma de animal e é usado em algum tipo de bruxaria. Ele também pode ser um demônio que pode ser utilizado contra os inimigos de alguém. 

Mas o nome 'Familiar' também pode ser uma referência ao fato de que veremos um episódio que será bastante familiar para os fãs da série, pois o mesmo contém todos os elementos clássicos de um episódio de 'Monstro da Semana', como já afirmei aqui. E foi exatamente isso que vimos neste episódio, em que a trama está diretamente relacionada com esse tipo de situação. 
A música do 'Mr. Chuckle Teeh' não ficou martelando na cabeça de vocês depois que terminou o episódio, não? Na minha ficou...

A trama! 

Em 'Familiar' vemos uma mulher traída (Anna Strong) pelo marido policial (Oficial Strong) que decide se vingar do mesmo e da amante deste (Diana Eggers) invocando o Demônio. Ela imaginava que poderia usar a forças do Príncipe das Trevas em seu favor.  

Porém, ela não consegue controlar o Demônio e os acontecimentos tomam um rumo totalmente diferente daquele que ela havia imaginado. Assim, inúmeros assassinatos começam a acontecer: de Andrew Eggers, de sua filha Emily, de Diana Eggers.

E tudo isso desencadeia uma situação de histeria coletiva e de irracionalidade entre a população da pequena cidade da região de Connecticut, o que irá resultar na morte de um inocente, Melvin Peter, que em função de seu passado foi perseguido pelos pai do garoto e pelos moradores da cidade.

É bom ressaltar que a escolha de Connecticut para este episódio não foi algo aleatório. A região, em seu passado, foi palco de situações semelhantes que resultaram na perseguição e morte de dezenas de pessoas inocentes que foram executadas por terem sido condenadas por 'bruxaria', o que irei comentar com mais detalhes posteriormente. 
A frase de abertura do episódio foi a mais clássica de todas: 'The Truth Is Out There'. Isso foi um claro sinal de que todos os elementos clássicos da série estariam presentes no mesmo. 

Neste aspecto, essa história lembra um episódio clássico da 2a. temporada de 'Arquivo X', que é o 'Os Adoradores das Trevas' (2X14). 
Neste episódio, um grupo de professores de uma escola e que são integrantes de um culto satânico tem a péssima ideia de invocar o Demônio.

O Demônio aparece na cidade sob a forma de uma professora substituta (Phyllis Paddock), que usa de seus imensos poderes para cometer vários crimes, fazendo várias vítimas, incluindo os integrantes do culto que o invocou.

Em os 'Adoradores das Trevas', alguns dos crimes também são cometidos no meio de uma floresta, em uma pequena cidade do interior (Milford Haven, em New Hampshire), tal como acontece em 'Familiar'. 

Uma das frases de Mulder, neste ótimo episódio da 2a. temporada, e que também se aplica perfeitamente ao que vimos em 'Familiar', é 'Você achou que podia invocar o Demônio e pedir que ele se comportasse?', que ele disse para um dos integrantes do culto satânico (Jim Ausbury). 
A população puritana da pequena cidade de Eastwood, no Connecticut, irá reproduzir, em pleno século XXI, os mesmos comportamentos intolerantes do século XVII. E tudo acaba mal, é claro...

E a trama de 'Familiar' também envolve crianças, o que é uma outra tradição de 'Arquivo X', pois já tivemos vários episódios da série nos quais elas tiveram uma importante participação em episódios que também se relacionavam com fenômenos paranormais ou sobrenaturais. 


Estes foram os casos de 'Born Again' (1X22), 'Os Calusari' (2X21), 'Chinga' (5X10) e 'Invocation' (8X05), embora tais histórias se desenvolvam de outra maneira daquilo que vimos em 'Familar', é claro.

Todo o clima e trama de 'Familiar' deixam claro que o mesmo foi um episódio que poderia ter sido muito bem produzido na 2a. temporada, que foi a mais macabra da história de 'Arquivo X'. Fica bastante claro que ele foi produzido, nos mínimos detalhes, como se fosse um clássico episódio de 'Monstro da Semana' do qual os fãs da série tanto gostam. 

E conflitos de visão entre Mulder e Scully também estiveram presentes no episódio, mas é claro que depois de tantos anos eles já não se digladiam da maneira que faziam nas primeiras temporadas, quando a Scully chamava o Mulder de louco com uma certa frequência.

Agora, eles até adivinham o que o outro está pensando quando apresentam as suas teorias para explicar os casos que investigam. 
Strong, Anna e Emily: Uma família feliz, mas que foi destruída pelas mentiras dele e pelo desejo de vingança dela. E os livros sobre bruxaria que o marido mantinha em casa acabaram sendo usados por ela para invocar o Príncipe das Trevas. 

A cena em que Mulder, no terceiro episódio da 10a. temporada ('Mulder and Scully meet the Were-Monster', 10X03), apresenta a sua visão e, logo depois, ele mesmo diz o que Scully falaria para contestá-lo, mostra bem o quanto os dois já conhecem profundamente um ao outro. 


Assim, em 'Familiar', vemos Mulder usando de uma explicação envolvendo demônios, cães do inferno que protegem a entrada do submundo e 'familiares' (espíritos convocados por bruxas e que podem assumir a forma humana ou animal) . 

Quando adquire a forma humana, diz Mulder, o 'familiar' pode se tornar também uma mulher bonita ou um personagem de TV (referência ao Mr. Chuckle Teeh e aos Teletubbies). Com isso, ao insistir nessa sua visão aparentemente 'maluca' (como sempre...) Mulder descobre, no meio da floresta, a existência de um cemitério puritano de séculos atrás. 

Enquanto isso, Scully elabora uma explicação científica para tentar entender a situação, atribuindo tudo às ações humanas, o que já não desencadeia nenhum tipo de conflito entre eles. 

Aliás, atualmente, isso de fato, gera algumas brincadeiras entre eles, como vemos no final do episódio. Assim, um tenta compreender a visão do outro, algo que já havia acontecido em 'Plus One' (11X03), quando Scully se perguntou se o Mulder, com sua explicação envolvendo fantasmas, não estaria certo. 
Mulder e Scully encontram o corpo de Emily na floresta, que havia sido atraída pelo Demotubbie. Antes, o Demônio havia se disfarçado de 'Mr. Chuckleteeh' para atrair e matar Andrew. Depois, ele irá se disfarçar de Andrew, para poder matar Diana, e desta para matar Strong.

Desta maneira, essa maior intimidade que se desenvolveu entre Mulder e Scully depois de tantos anos acaba se refletindo nas explicações que eles adotam para os casos, que também ficam mais próximas ou que, pelo menos, não geram mais conflitos entre a dupla. 


A cidade em que ocorrem os fatos é Eastwood, que conta quase que inteiramente com uma população branca, conservadora, protestante, muito religiosa, na qual todos se conhecem, que forma uma comunidade fechada, como se fosse um microcosmo dos EUA tradicional, ou como alguns também dizem, é a chamada 'América Profunda'. 

Obs1: Aliás, foi apelando para os sentimentos mais tradicionais, provincianos e para os inúmeros preconceitos dessa população interiorana que Trump conseguiu, para surpresa de muitos, vencer a eleição presidencial de 2016. 

Nota-se também, na cidade, a quase ausência de negros (a exceção é o Wentworth), que é policial e tudo indica que ele veio de outra cidade, tendo sido transferido para a WASP (White, Anglo-Saxon e Protestant) Eastwood.
O 'Mr. Chuckle Teeh' demoníaco que aparece no final do episódio. Como o Mulder disse, o Demônio pode aparecer sob inúmeros disfarces, incluindo um personagem de TV. 

O direito de defesa é fundamental!


Outro aspecto que se deve chamar a atenção neste episódio é que o mesmo não fica restrito aos aspectos sobrenaturais do caso investigado, mas ele também promove uma reflexão a respeito da necessidade de se respeitar os direitos das pessoas que são investigadas e acusadas, deixando claro que fazer justiça com as próprias mãos é inaceitável, além de ser um comportamento tipicamente medieval. 

No episódio, o policial Eggers (pai do pequeno Andrew) vai atrás de Melvin Peter, que é um condenado por pedofilia que foi morar na pequena cidade no ano anterior, pensando que o mesmo é o culpado da morte do seu filho, em função do seu passado. 

Obs2: É bom lembrar que o mais baixinho dos Pistoleiros Solitários se chamava Melvin Frohike. Será que isso foi uma brincadeira com o ator que o interpretou? Não duvido, pois isso é comum na série. E o Frohike vivia chamando a Scully de 'hot', né? Aliás, se ele estivesse trabalhando na série e o Frohike continuasse falando deste jeito iríamos ver muitas pessoas pedindo que a Scully o processasse por assédio, com certeza. 

Eggers fez isso porque Scully disse, para os policiais locais, que o perfil do assassino era um homem, com antecedentes criminais, entre 19 e 42 anos de idade. Com base no perfil que Scully traçou é que Eggers encontrou a ficha corrida de Melvin e, mesmo sem possuir qualquer prova do envolvimento do mesmo na morte de seu filho, ele foi até a casa deste para matá-lo. 

Outras pessoas da cidade acabaram se unindo a Eggers para promover um brutal espancamento de Melvin, sendo que o único que tentou impedir isso foi o policial Wentworth (interpretado pelo ótimo Roger Cross). Neste momento, Mulder e Scully debateram a respeito do fato, com ele dizendo que foi esse tipo de histeria coletiva que gerou os casos das 'Bruxas de Salém' e o McCarthismo. 
O policial Wentworth tenta conter Eggers, que espanca um inocente, Melvin Peter, que nada tinha a ver com a morte horripilante de seu filho (Andrew). O ódio fez mais uma vítima. E qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. 

Obs3:
O Macarthismo foi um movimento político de Extrema-Direita que foi liderado por um Senador, Joseph McCarthy, que promoveu uma verdadeira 'caça às bruxas' nos EUA durante a década de 1950. Ele acusou e denunciou centenas de pessoas de serem comunistas. Ele pressionava fortemente os acusados para que delatassem outras pessoas. As maiores vítimas do Macarthismo foram membros da comunidade intelectual dos EUA (escritores, roteiristas de cinema, cineastas). Entre as principais vítimas de perseguição nós tivemos Bertolt Brecht e Charles Chaplin, que decidiram ir embora dos EUA em função disso. O Macarthismo se desenvolveu, principalmente, depois que inúmeros países começaram a adotar o 'Socialismo Real' no Pós-Guerra (China, Coréia do Norte, Vietnã do Norte, os países do Leste Europeu: Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Iugoslávia, Bulgária), ou seja, em um momento de crise para os EUA, que viam o seu poder diminuir cada vez mais pelo mundo afora. 


Mas isso não foi suficiente para impedir que Melvin fosse assassinado por Eggers, que acabou sendo julgado, mas que ficou impune, pois o clima da cidade era de uma total intolerância com relação ao crime que vitimou o pequeno Andrew e de compaixão pelo policial que havia acabado de perder o seu filho. 

Porém, mais adiante o mesmo policial Wentworth descobriu que no dia e horário em que o crime que vitimou Andrew aconteceu, Melvin estava em outra cidade, sendo inteiramente inocente, portanto. 

Com isso, fica claro que o espancamento e assassinato de Melvin Peter, mostra o quanto a irracionalidade e o desrespeito aos direitos básicos dos cidadãos pode levar as pessoas a cometer crimes, violências e injustiças. 
Eggers executa Melvin Peter, uma cena forte, sendo que o mesmo era totalmente inocente. Seu comportamento irracional foi fruto do ódio que se apossou dele e de uma histeria de massa que tomou conta da pequena cidade do Connecticut. E o pior é isso que vive se repetindo na história humana. Em épocas de crise ou dificuldades, grupos extremistas inventam bodes expiatórios aos quais possam culpar pelos problemas, deles ou da sociedade. O ser humano não evolui, não? 

Logo, 'Arquivo X', novamente, adota uma postura de defesa da Civilização e da Justiça, condenando práticas ilegais e violentas, tal como sempre aconteceu na série, desde o início, embora alguns 'fãs' ainda não tenham percebido isso. 


Demotubbies e Mr. Chuckle Teeh!

A minha amiga eXcer Brenda, do grupo de Whatsapp de 'Arquivo X', usou uma expressão excelente para definir os Teletubbies demoníacos que apareceram no episódio: 'Demotubbies'...

O Chuckle Teeh e os Teletubbies são muito populares entre as crianças e, assim, o Demônio precisava deles para atrair as mesmas para a floresta (Andrew, Emily) a fim de poder cometer os seus crimes. 

Aliás, nota-se a postura diferente de Mulder sempre que investiga um caso que está relacionado com crianças, em função do que aconteceu com a sua irmã, Samantha, é claro.

E é claro que quando eles vão até o necrotério, ver o corpo de Andrew, eles devem pensar em William...
Emily vê um dos Teletubbies em frente à janela de sua casa. Mal ela sabe o que ele é, de verdade. Emily será mais uma vítima do ódio e do desejo de vingança que a sua própria mãe (Anna) desencadeou. O curioso é que a Scully também perdeu uma filha chamada Emily (ver 'Emily', 5X07). Isso teria sido intencional?

Referências e citações!


Tivemos várias referências em 'Arquivo X', tanto em relação a episódios antigos da série, como no que se refere a filmes com temas semelhantes ou parecidos. A série sempre teve muitas referências e citações, de todos os tipos, e isso continua acontecendo na 11a. temporada. 

Assim, tivemos referências a filmes ('It - A Coisa') e séries '('Dark', série alemã de Sci-Fi da Netflix), principalmente no uso da capa amarela pelo Andrew Eggers. 

Isso sempre aconteceu na série, na qual nunca faltaram citações e referências sobre política, cinema, história, literatura, religião, filosofia. Exemplo disso é a cena do Canceroso no banco, sozinho, falando ao lado de um mendigo, o que lembra 'Forrest Gump' (ver 'Meditações sobre o Canceroso', 4X07).

Com relação a referências, em episódios de 'Arquivo X', vimos isso acontecer já no 'Minha Luta 1', quando tivemos aquele agente careca de chapéu e paletó indo para Roswell, junto com o médico, que depois se revelou informante do Mulder no presente. O careca era claramente uma referência aos 'Observadores' de 'Fringe', série que citou e homenageou 'Arquivo X' em várias oportunidades. 

É como se depois de tantas séries '(Fringe, Bones, Supernatural, Without a Trace) tendo feito referências e homenagens a 'Arquivo X', esta estivesse retribuindo a gentileza. 
Anna Strong, a mulher traída pelo marido, invocou o Demônio para se vingar dele e da amante (Diana), mas perdeu o controle da situação, pagando um alto preço por isso. Ela perdeu a filha, o marido e, no fim, acabou sendo morta pelas mesmas forças das trevas que invocou. 

Com relação ao tema do episódio 'Familiar', uma referência que tivemos no episódio foi em relação ao nome da cidade (Eastwood), que lembra Eastwick, o que poder ser claramente uma forma de ligação com o filme 'The Witches of the Eastwick', de 1987, que contou com a participação de Jack Nicholson, Cher, Michelle Pffeifer, Susan Sarandon (que é a mãe de Miles Robbins, ator que interpreta o William em 'The X-Files') e de Veronica Cartwright (a Cassandra Spender de 'Arquivo X'). 


O filme 'The Crucible' ('As Bruxas de Salém') é outro, pelo tema, com o qual o episódio tem relação, pois trata de um caso de 'bruxaria' na época da colonização europeia dos EUA (ou seja, das 13 Colônias Inglesas) que resultou numa série de condenações à morte de pessoas que foram falsamente acusadas da prática de bruxaria, o que aconteceu entre 1692 e 1693.

O fato é que sempre tivemos referências e citações na série (sobre Religião, Política, História, Cinema, Literatura) e 'Arquivo X', de certa maneira, é que deu início a isso, pelo menos em séries de TV.

Aliás, em 'Familiar' Mulder cita, em conversa com Scully, um evento envolvendo bruxaria, que ocorreu em 1658 em Eastwood (Connecticut). 

Não duvido que isso realmente tenha acontecido, pois a região de Connecticut realmente foi palco de uma caça às bruxas que antecedeu em praticamente 50 anos a história, muito mais famosa, das 'Bruxas de Salém'. Inclusive, temos inúmeros livros publicados a respeito dessa 'caça às bruxas' que ocorreu em Connecticut no século XVII, entre 1647 e 1697. 
Bridget Bishop sendo enforcada em Salém, em 1692, acusada falsamente de bruxaria. A história está repleta de situações de histeria coletiva que resultam na morte de inocentes. 

Histeria Coletiva, Irracionalidade e os Extremismos Político e Religioso!


Em comum, entre esses diferentes acontecimentos, vemos um exemplo de histeria coletiva, puramente irracional, tomando conta de uma pequena comunidade de puritanos (Eastwood) que se vê as voltas com problemas locais para os quais é necessário encontrar algum culpado. E no caso em questão se trata do assassinato de uma criança (Andrew), o que quebra a ordem e a confiança existente entre os seus moradores. 

Em Salém, entre 1692-1693, o pano de fundo das perseguições que resultaram em uma série de julgamentos e condenações injustas, foram batalhas nas quais os moradores foram derrotados pelos índios e alguns casos de crianças doentes e para as quais ninguém, na época, conhecia qualquer forma de cura ou tratamento. 

Já em 'Arquivo X', o caso se relaciona com uma história envolvendo crimes horripilantes que foram cometidos e cujas vítimas foram crianças. 

Assim, tais fenômenos ocorrem em momentos em que alguma comunidade ou sociedade está passando por uma grave crise. E é nesta hora que se procuram por bodes expiatórios, nos quais se possa jogar toda a culpa pelo que está acontecendo. 

E daí, geralmente, os acusados são sempre os mesmos: estrangeiros, judeus, negros, os pobres, muçulmanos, as chamadas 'minorias'. 

Triste e trágico. Aprende, ser humano!
Trump pulando sobre um mexicano. Ele usou da xenofobia e do racismo para se eleger presidente dos EUA. Não é à toa, portanto, que se tornou um dos principais alvos de críticas nesta temporada de 'Arquivo X'. 

O alarme despertado por 'Arquivo X' é que esse tipo de fenômeno ainda acontece, 226 anos depois do caso real relacionado às chamadas 'Bruxas de Salém' e 270 anos após as perseguições que tivemos em Connectcut, que começaram em 1647. 


Naquela época, meados do século XVII, uma série de eventos (guerras contra os índios, inundações e epidemias) teve fundamental importância para desencadear esse fenômeno em Connecticut. 

É neste contexto, de graves dificuldades e incertezas quanto ao futuro, que líderes e movimentos políticos extremistas criam e se alimentam desse tipo de histeria coletiva, dando origem a supostos 'salvadores da pátria' que, sempre, conduzem suas sociedades para o abismo. 

Alguém aí pensou em Hitler, Mussolini e... Trump? 

O Mal continua solto... E será que 'Arquivo X' irá continuar? 
No início do episódio, na cena do parque, é possível ver claramente um 'X' amarelo.

E no final vimos que o Mal continua livre e solto por aí, sugerindo que em função disso 'Arquivo X' precisa continuar, apesar do diálogo entre Mulder e Scully sugerir o final da série.


Neste diálogo, vemos que a Scully diz que 'Espero que tenha terminado' e Mulder responde 'Eu também espero isso'. 

Esse diálogo pode ser interpretado de várias maneiras. Primeiro, com relação à trama do episódio, eles querem que o Mal tenha ido embora daquela cidade. Mas o diálogo também pode ser interpretado como se estivesse relacionado com a própria série, como se esta estivesse chegando ao final. 

É bom ressaltar que 'Familiar' é o 9o. episódio desta temporada, mas o Chris Carter modificou a sequência de exibição dos episódios, tal como já havia feito na temporada anterior. Então, é 'Familiar' que antecede ao último episódio desta temporada, que será o 'My Struggle 4', cuja exibição se dará em 21/03/2018. 

Espero que tudo se resolva e que todos voltem para uma próxima temporada, pois esta 11a. temporada mostrou que 'Arquivo X' ainda tem 'muita lenha para queimar'.

'The X-Files Forever'!
O livro de bruxaria que Anna Strong usou para invocar o Demônio, que gerou inúmeras mortes na pequena cidade, não pega fogo, o que é algo que Scully, com sua visão científica, terá mais dificuldades em compreender do que Mulder, que atribuiu os acontecimentos às ações de uma bruxa moderna. 

Audiência e Notas!

Audiência: 0.9/4 - 3.460.000 espectadores (+230.000 em relação ao 'Rm9sbG93ZXJz'/'Seguidores'). 

Nota média do IMDB: 8.4 (551 votos até Domingo, 20hs10).

Minha Nota = 10. 

Observações!

Ator Jason Gray-Stanford (Oficcer Eggers) atuou em 'O Demônio de Jersey' (1X05), também como um policial;

Roger Cross (Oficcer Wentworth): Já havia aparecido em 'O Ser do Espaço', 'Ossos Frescos', 'O Instigador' e 'Loucura Coletiva'. Trabalhou também em séries como '24 Horas', 'Continuum' e 'Dark Matter'. 

Sean Campbell (Oficcer Sean); Atuou anteriormente em '731' e 'Leonard Betts'. 
Scully entrega para o policial Wentworth o livro de bruxaria que não queimou no fogo e que é evidência concreta de uma cidade que enlouqueceu. Em um momento histórico no qual o neofascismo, o racismo e a xenofobia crescem em inúmeros países, pode-se dizer, também, que o mundo está enlouquecendo. De novo. 

Links:


Informações do Episódio:

www.imdb.com/title/tt6803236/?ref_=ttep_ep8

Texto sobre o caso das Bruxas de Salém:

https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/100333-a-bizarra-historia-por-tras-das-famosas-bruxas-de-salem.htm

Os casos de bruxaria em Connecticut no século XVII:

http://www.witchcraftandwitches.com/trials_connecticut.html

Macarthismo e histeria anti-comunista nos EUA:

http://elcoyote.org/o-macarthismo-histeria-anticomunista-nos-estados-unidos/

Vídeo - Trailer do episódio:

2 comentários:

Marcos Martins disse...

Episódio fantástico! Sem dúvida o que mais empolgou o fã de antigamente com história, ambiente com a aura dos episódios mais clássicos e também deixou a expectativa lá no alto para os episódios últimos da temporada. Que pena que são só 10 episódios. Poderia ser mais kkkkkk

Marcos Doniseti disse...

Verdade, xará.

Esse episódio foi ótimo e também foi o que mais se pareceu com os episódios de antigamente, além de tratar de temas da atualidade com bastante inteligência.

Essa temporada está excelente, com episódios variados, com estilos diversos, e está falando sobre temas atuais e sem medo de desagradar alguém, por mais poderoso que seja (alguém aí pensou em Trump??).

Vamos aguardar os dois últimos episódios, que também prometem ser muito bons.