Los Girasoles Ciegos! - A Ditadura Franquista!
'Los Girasoles Ciegos' é um filme espanhol que mostra que na repressão da Ditadura Franquista as pessoas não estavam seguras nem mesmo dentro de suas residências. |
O papel fundamental da Igreja para que isso acontecesse também fica bastante evidente no filme, pois ela é que controlava a educação pública no país durante a Ditadura Franquista, bem como censurava a produção cultural e administrava inúmeras prisões e instituições correcionais.
No filme, vemos que os Republicanos (anarquistas, socialistas, comunistas...) continuaram sendo brutalmente perseguidos mesmo depois do fim da Guerra Civil.
Centenas de milhares de espanhóis foram perseguidos e mortos pela Ditadura Franquista, que foi a mais repressiva e violenta na Europa do Pós-Guerra. Para o ditador assassino e genocida espanhol, Francisco Franco, a Guerra continuou depois que os combates terminaram, em 01/04/1939.
Afinal, a Ditadura Franquista implantou um brutal esquema de vigilância, delação, perseguição e de repressão contra qualquer cidadão espanhol que tivesse simpatizado com a República (democrática, laica, secular, reformista), em especial com o governo da Frente Popular que havia sido eleito diretamente pelo povo em Fevereiro de 1936.
Aliás, tal perseguição começou já no início da Guerra Civil, nos territórios conquistados pelos Franquistas, que promoviam estupros e massacres contra a população civil que defendia o governo Republicano da Frente Popular. Franco chegou a dizer, em uma entrevista, ainda em 1937, que se fosse necessário ele mataria metade da população espanhola.
Para ele, Franco, a Espanha precisava ser 'purificada,' eliminando-se do país aqueles elementos 'indesejáveis' (socialistas, comunistas, anarquistas, mulheres com espírito e atitude independente, homossexuais, etc).
Para atingir esse objetivo, a Ditadura Franquista também estimulava a delação dos 'Rojos' (Vermelhos, ou seja, socialistas, anarquistas ou comunistas) por parte da população espanhola.
A Trama do Filme!
A trama do filme gira em torno de uma família cujo chefe (Ricardo) era um comunista perseguido pela Ditadura Franquista. Para evitar que o mesmo fosse preso e condenado à morte, a família (Elena, esposa, Elenita, a filha e Lorenzo, o filho mais novo) protege Ricardo, escondendo-o dentro da própria casa. Os membros da família dizem para todos que Ricardo morreu na guerra.
Além disso, temos também a participação de Lalo, um jovem poeta comunista que namora a bela Elenita (que está grávida). Ele também é perseguido pela Ditadura Franquista. Os dois jovens decidem tentar fugir para Portugal, mas o destino deles será trágico.
Todos os amigos e vizinhos sabiam que Ricardo era comunista e se as pessoas soubessem que ele estava vivo o mesmo seria delatado para a polícia franquista. Caso Ricardo fosse descoberto, ele seria acusado, julgado e condenado à morte, que era o destino reservado aos 'Rojos' (Vermelhos) espanhóis na Espanha Franquistas.
Na Espanha Franquista, as pessoas morriam de medo de serem delatadas e uma ótima maneira de evitar isso era delatando outras pessoas, provando que eram ''bons espanhóis". A própria Ditadura estimulava a delação por parte da população, o que foi uma maneira de transformar as pessoas em cúmplices e colaboradoras do regime ditatorial.
Na escola controlada pela Igreja Católica, os alunos eram obrigados a cantar um hino em louvor ao ditador Francisco Franco e a fazer a saudação fascista. |
E aqueles 'Rojos' que não eram fuzilados, acabavam trabalhando como escravos em inúmeras obras pelo país ou vegetavam e morriam nas prisões, nas quais ficavam por várias décadas, em péssimas condições de higiene e saúde, sequer tendo acesso a uma alimentação decente ou a assistência médica.
E tudo estava indo bem, com a família conseguindo esconder dos outros a existência de Ricardo, até que um um jovem diácono (Salvador, simpatizante dos franquistas e que lutou na Guerra Civil) se apaixonou pela esposa (Elena) de Ricardo e começou a persegui-la pelas ruas da cidade e a visitar a casa da jovem mulher, que ele imagina ser uma viúva carente e solitária. Ele também procura conversar bastante com Lorenzo, a fim de tentar obter informações a respeito de Elena.
E é justamente em função dessa paixão avassaladora que toma conta da alma do jovem diácono, Salvador, que Elena e Lorenzo passarão a ter dificuldades maiores para esconder a existência de Ricardo. A insistência de Salvador em ter um relacionamento amoroso com a 'viúva' Elena o levará a descobrir a verdade, o que resultará num final trágico para Ricardo e a família.
Elenita (filha de Ricardo e Elena) e Lalo (jovem poeta comunista perseguido pela Polícia Franquista) tentam fugir para Portugal, mas a sua tentativa irá fracassar, terminando de forma trágica. |
Salvador, posteriormente, tenta se justificar perante o seu superior a respeito do seu envolvimento amoroso com Elena e conta uma história que, essencialmente, é exatamente o contrário do que aconteceu, promovendo uma deliberada falsificação da história. Ele procura atribuir toda a culpa para a mulher, dizendo que a mesma tinha planejado tudo, sendo que, na verdade, ela fazia de tudo para evitar qualquer envolvimento com Salvador, pois amava de verdade ao seu marido, ao qual protegia.
Aliás, foi exatamente isso que a Ditadura Franquista fez durante toda a sua existência, exaltando a figura de Franco, que teria salvo o país de 'comunistas asiáticos', bem como teria feito a Espanha se tornar 'Grande e Unida' novamente.
Na verdade, o que Franco fez foi implantar o mais brutal regime de terror policial da Europa no Pós-Guerra, que contou com o total apoio das chamadas 'Democracias Liberais' do Ocidente (EUA, Grã-Bretanha, França), e que atrasou em décadas o processo de modernização do país (econômica, política, social, cultural).
Elena é apaixonada pelo marido (Ricardo), um militante do PCE que é obrigado a viver escondido na própria casa, pois a Ditadura Franquista estimulou as pessoas a delatarem os Republicanos. |
No filme fica bastante claro como o controle da educação pela Igreja Católica resultou na exaltação de Franco e no fortalecimento da sua brutal Ditadura. E também fica evidente que nem mesmo as residências dos espanhóis eram locais seguros, pois eles também eram alvos da repressão.
E os espanhóis pagaram caro por isso, vivendo em um clima de 'paz de cemitérios' durante várias décadas em um dos países mais pobres e atrasados da Europa.
Logo, a Ditadura Franquista jamais conseguiu atingir os seus objetivos, pois a 'União' do país foi alcançada por meio de um regime de Terror Policial e o país permaneceu na periferia do Velho Mundo.
E após a morte de Franco (em Novembro de 1975), a Ditadura desmoronou rapidamente e a Espanha voltou a ser a mesma Democracia Liberal que era em 1936, antes que Franco e as forças reacionárias do país (Latifundiários, Exército, Igreja Católica, Monarquistas) promovessem um Golpe de Estado que desencadeou uma das mais brutais guerras civis do século XX, e na qual morreram cerca de 500 mil pessoas.
O diácono Salvador se apaixona por Elena e passa a frequentar a casa dela, fato que o leva a descobrir que Ricardo estava vivo. |
Informações Adicionais:
Título: Los Girasoles Ciegos;
Diretor: José Luís Cuerda;
Roteiro: José Luis Cuerda e Rafael Azcona; Baseado no romance de Alberto Méndez;
Fotografia: Hans Burmann; Música: Lucio Godoy;
Gênero: Drama Político; Duração: 95 minutos;
País de Produção: Espanha; Ano de Produção: 2008;
Elenco: Maribel Verdú (Elena); Javier Câmara (Ricardo); Raúl Arévalo (Salvador); Roger Príncep (Lorenzo); Martín Rivas (Lalo); Irene Escolar (Elenita); José Ángel Egido (Reitor).
Prêmios:
Goya de (2009):
Melhor Diretor: José Luis Cuerda;
Melhor Roteiro Adaptado: (Rafael Azcona e José Luis Cuerda);
Melhor Ator: Raúl Arévalo;
Melhor Atriz: Maribel Verdú;
Melhor Ator Coadjuvante: José Ángel Egido;
Melhor Ator Revelação: Martiño Rivas;
Melhor Fotografia: Hans Burmann;
Melhor Montagem: Nacho Ruiz Capillas;
Melhor Direção Artística: Balter Gallart.
Vídeo - Trailer do filme 'Los Girasoles Ciegos:
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