RAYMOND CHANDLER - por Mayrant Gallo, do blog 'Infiltrados'
Se Dashiel Hammett criou o relato policial noir,
foi no entanto Raymond Chandler quem lhe conferiu prestígio literário e
artístico.
Mesmo os leitores que não apreciam a literatura policial
respeitam-no, como respeitam Georges Simenon, Patricia Highsmith, James
M. Cain e David Goodis, autores que, apesar de sua
opção pelo relato policial, não se limitaram às amarras do gênero.
Como
se cumprissem à risca uma hipotética cartilha ditada por Edgar Allan
Poe ou Pablo Picasso, fizeram arte com a matéria que escolheram:
impuseram-se um estilo, uma linguagem, uma dicção, de modo que, ao
lermos o texto de um, sabemos que não estamos lendo o texto de nenhum
outro.
E não interessa se o entrecho policial é ou não é relevante; o
que importa é como cada um desses escritores, a começar por Hammett,
estrutura e molda suas histórias, e o efeito que extrai delas e que,
durante a leitura, migra para a sensibilidade do leitor, que, assim,
apreende um pouco mais da realidade à sua volta, sempre um enigma.
Nascido em Chicago em 1888, Raymond Chandler estudou na Inglaterra,
França e Alemanha. Teve uma formação clássica, e isso muito colaborou
para que ele deslocasse para o gênero policial uma linguagem que
poderia, muito bem, estar a serviço de outro ramo da arte literária.
Depois de saltar de uma para outra profissão (foi professor, revisor,
soldado das forças canadense e britânica, contador, redator, executivo
de uma empresa de petróleo e detetive particular, o que lhe conferiu
larga experiência de vida e a desenvoltura necessária à sua
representação realista do mundo), Chandler se estabeleceu na California,
palco de seus contos e romances.
Escreveu: O sono eterno (1939), O longo adeus (1953), Adeus minha adorada (1940), A irmãzinha (1949), A dama do lago (1943), Janela para a morte (1942), Playback (1958), dezenas de contos, espalhados por várias coletâneas, e Amor e morte em Poodle Springs, que deixou inacabado e foi concluído por Robert B. Parker.
Também foi roteirista de Hollywood. Todos os seus romances foram levados ao cinema, tornando-se grandes clássicos do gênero noir.
Seu personagem Philip Marlowe, protagonista de seus romances, entrou
para a galeria dos grandes detetives, ao lado do comissário Maigret, do
padre Brown, de Sherlock Holmes, Hercule Poirot e Dupin.
Em 1956, com a
morte da esposa, Chandler entregou-se ao álcool, o que certamente
contribuiu para a sua morte, aos 71 anos, em 1959. Era, porém, um
escritor admirado e respeitado, nos EUA e no mundo, e não apenas como
autor de romances e contos policiais.
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