sexta-feira, 2 de junho de 2017

‘Un Amore a Roma’ - Dino Risi fez um belo drama romântico!

‘Un Amore a Roma’ - Dino Risi fez um belo drama romântico! – Marcos Doniseti!
'Un Amore a Roma' é um belo Drama Romântico do diretor italiano Dino Risi, que se consagrou com comédias clássicas e bastante populares. O filme foi lançado em 1960, ano em que também tivemos 'A Doce Vida', de Fellini. E em 1961 tivemos o lançamento de 'A Noite', de Antonioni. Nos três filmes temos a presença de um mesmo roteirista (Ennio Flaiano).
Dino Risi foi um dos principais cineastas italianos do Pós-Guerra e ficou mais conhecido por suas comédias, que fizeram grande sucesso, principalmente na década de 1960. Entre as principais obras dele temos 'Pane, Amore E...' (1955),  'Poveri ma Belli' (1957) e 'Il Sorpasso' (1962). 

Mas ele também fez outros gêneros de filmes, como é o caso deste ótimo ‘Un Amore a Roma’, de 1960, um drama romântico cuja história se passa em Roma e que é baseado em um romance de Ercole Patti.

A trama do filme se desenvolve em torno de um Conde (Marcello Cenni), integrante de uma família da nobreza decadente e empobrecida. Seu pai já é idoso e doente, mal conseguindo sair da cama, onde acaba falecendo.

Enquanto isso, Marcello é um intelectual, formado em Literatura e que vive de escrever textos literários. Ele também está finalizando a sua tese. 

Quando não está envolvido com a Literatura, ele vive de conquistar e descartar mulheres, com as quais se envolve de forma apenas temporária. Logo, Marcello é um intelectual esnobe e de origem nobre que trata as mulheres como se fossem meros objetos. 
Marcello é membro de uma família nobre, mas empobrecida, e começa e termina relacionamentos com mulheres com grande frequência. Fulvia foi uma das vítimas dessa forma de agir do frio e insensível Conde conquistador.  
Marcello se envolve com inúmeras mulheres, descartando-as quando se cansa delas ou quando percebe que elas não possuem todas as características que procura nas mesmas, principalmente a inteligência, a simplicidade e a ingenuidade. 

Quando se cansa delas, ele termina o relacionamento e inicia um novo, pouco se 
importando se as mulheres que abandona estão apaixonadas por ele ou não e se elas irão sofrer ou não com a sua atitude, que é totalmente fria, insensível e egoísta. 

Ele se preocupa apenas com a sua liberdade pessoal e com os próprios desejos e satisfações. 

O filme começa justamente em um momento no qual o Conde Marcello está terminando um destes relacionamentos. A cena, muito bonita, se passa em uma praça romana, à noite. 

Apesar da mulher (Fulvia, mulher bonita e sofisticada que está apaixonada por Marcello) implorar para que eles possam continuar juntos, ele se mantém intransigente e a dispensa. 
Logo após terminar o seu romance com Fulvia, Marcello conheceu Anna. Ele não fazia ideia que isso seria o início de um relacionamento turbulento, que o faria sofrer e a desfrutar de momentos de intensa felicidade, ao mesmo tempo. 
Logo depois, andando pela noite romana, ele se depara com uma belíssima jovem (Anna Padoan), que é interpretada pela lindíssima e sensual atriz francesa Mylène Demongeot.

Anna está tentando entrar em seu apartamento, mas está sem a chave, e neste momento o Conde ‘Casanova’ aproxima-se dela e começam a conversar. Ele a elogia, dizendo que ela é muito bonita, e consegue subir ao apartamento da jovem posteriormente. Sem hesitar, ele a seduz e os dois fazem amor logo na primeira noite em que se conheceram. 

Já neste primeiro encontro, o arrogante e esnobe Marcello demonstra uma total insensibilidade e frieza com a bela jovem, fazendo com que esta ficasse triste e chorasse. Anna percebe que não possui as virtudes que Marcello gostaria de encontrar em uma mulher, que são a inteligência, a simplicidade e a ingenuidade. 

Com o desenvolvimento do relacionamento, Marcello, que até então não demonstrava qualquer sentimento mais forte pelas mulheres que ele conquistava, acabará se apaixonando pela bela jovem, o que é uma experiência inédita em sua vida. 
A jovem e bela Anna adota um comportamento liberal em sua vida e não consegue ser fiel a ninguém. 
Anna é uma atriz que atua em filmes de aventura histórica (épicos) e Marcello vai atrás dela, oportunidade em que a vemos trabalhando sob a direção de Vittorio De Sica. Percebe-se que o talento da jovem como atriz não é dos maiores, mas a sua invejável beleza física garante o seu emprego. E nota-se também que há um clima muito bom entre Anna e o ator com quem ela contracena neste filme épico (Tony Meneghini). 

Gradualmente, o Conde ‘Casanova’ vai percebendo que a jovem pela qual se apaixonou também tem o costume de se envolver com outros homens, mesmo enquanto tem um romance com ele. A fidelidade, definitivamente, não é o ponto forte dela. Fulvia, inclusive, o tinha avisada a respeito do comportamento infiel de Anna, mas ele não lhe deu ouvidos. 

A primeira vez em que Marcello descobriu a respeito do comportamento infiel de Anna ocorreu quando ela foi participar das filmagens em uma cidade do litoral (Capri). Depois de um tempo afastados, ele decide ir até o local, para se encontrar com a jovem. 

Marcello a encontra e a convida para ir morar com ele em Roma, mas ela confessa que está tendo um romance com Tony já há uma semana e diz que não pretende terminar o relacionamento com o mesmo. 

Marcello fica arrasado. 
Marcello e Anna se entendem muito bem em seu primeiro encontro e acabam se beijando na noite romana. 
Antes mesmo de ficar sabendo do envolvimento de Anna com Tony, em um passeio com a participação do mesmo, de Anna e de Marcello, este último havia ficado deslocado, pois ela conversava e brincava com o ator durante todo o tempo, o que deixou Marcello bastante incomodado com a situação. 

Afinal, ele é que estava acostumado a agir desta maneira, comportando-se com as mulheres como se elas fossem meros instrumentos para a sua diversão, sendo que ele as usava e jogava fora quando se cansava delas. 

E agora a situação é inversa. 

Marcello conheceu uma mulher de comportamento livre, alegre, espontâneo e sensual e que não hesita em se envolver com outros homens quando se interessa pelos mesmos, mesmo que tal envolvimento não envolva uma paixão muito intensa. 
Assim, a jovem e bela Anna é, de certa maneira, a versão feminina de Marcello. 

Logo, a maneira de se comportar da bela Anna é semelhante à de Marcello antes deste conhecer essa linda jovem. Ela o trata do mesmo jeito, quase que com o mesmo desprezo, que ele tratava as mulheres com as quais se envolvia anteriormente. 
Já no primeiro encontro, Marcello e Anna passam a noite juntos e se amam. Mas a insensibilidade dele faz com que Anna fique triste e chore. 
Portanto, o nobre, empobrecido e insensível Marcello irá passar pelo mesmo tipo de situação a que submetia as mulheres que desprezava. Ele irá sentir na própria pele o que, antes, fazia aos outros (às outras, melhor dizendo). 

E tudo é muito mais humilhante para Marcello, porque a bela e jovem Anna é de origem humilde, enquanto que as mulheres pelas quais ele demonstrava desprezo eram da enriquecida burguesia italiana. 

Admitindo o relacionamento com o ator, Anna diz que eles deveriam se afastar por um tempo, pois ela não quer abandonar o homem com quem está se relacionando. 

Com isso, o perplexo e entristecido Marcello volta para Roma, sozinho. 

Neste momento, ele conhece outra bonita e sofisticada mulher (Eleonora). Marcello até chega a fazer um passeio com Eleonora, mas não consegue demonstrar interesse pela mesma, deixando-a frustrada. 
Anna é uma atriz e trabalha em um épico, no qual é dirigida por Vittorio De Sica.
Esse comportamento de Marcello já é um efeito claro da decepção que ele teve com Anna. Antes de conhecê-la, Marcello não hesitaria em se relacionar com Eleonora e descarta-la posteriormente, mas nem isso ele consegue fazer mais. 

Depois de voltar para Roma ele volta a procurar por Anna, a quem não consegue esquecer, e os dois retomam o relacionamento, desfrutando de momentos de plena felicidade, pelo menos por alguns meses. 

Mas ela novamente sai para viajar, a fim de visitar a família, que mora em Treviso. 

Marcello pensa que a jovem loira ainda está fora de Roma, mas quando vai a uma festa, na qual estão presentes os seus amigos e amigas da rica burguesia romana, ele fica sabendo que Anna já voltou para a cidade. A informação veio de amigas ricas de Marcello, que mal disfarçam o desprezo que sentem pela proletária Anna. 

Marcello demonstra desconfiança com relação a essa informação, pois ele tinha certeza de que Anna o avisaria quando chegasse a Roma e telefona para o apartamento dela, para conferir a veracidade do que lhe disseram, mas ela não atende. Ele vai até o local, entra em um mercado em frente, onde ele vê um jovem (Peppino Barlacchi) comprando bebidas e cigarro. 
Marcello volta a encontrar Fulvia, que não consegue esquecê-lo. Marcello oscila entre ter um relacionamento estável, mas sem se apaixonar, com mulheres de famílias ricas, como Fulvia e Eleonora, ou viver um romance intenso e turbulento com a humilde, mas bela e instável Anna. 
Desconfiado, ele o acompanha e entra no apartamento de Anna, junto com o jovem, pois tem a chave do mesmo. Quando ela sai do banho, ele a questiona sobre quando ela havia retornado para Roma. 

O jovem vai embora e Anna admite para Marcello as várias oportunidades em que o traiu e com diferentes homens. Com isso, ele tem um intenso ataque de ciúmes, chegando a agredir a bela Anna, pois ele não se conforma com o fato dela jamais lhe ser fiel. 

Desta maneira, ele decide abandonar a bela jovem, pois percebe que o seu relacionamento com a Anna é uma permanente fonte de sofrimento, dizendo para a mesma que a relação deles ainda acabará mal. 

Com isso, Marcello decide iniciar um relacionamento com Eleonora, filha de um homem (o Engenheiro Curtatoni) que teve um caso com Anna quando o seu relacionamento com a bela jovem ainda estava no início. 
Anna chora. Ela traiu Marcello com um ator e o nobre empobrecido preferiu se afastar da bela loira. Marcello a amava intensamente, mas sempre acabava se decepcionando com o comportamento infiel de Anna. 
Marcello e Eleonora já se conheciam, mas anteriormente ele não quis ter nenhum envolvimento com ela, embora esta o desejasse. 

Ele age desta maneira embora não seja apaixonado por Eleonora, mas sabe que ao lado da sofisticada romana ele não passará pelas agruras e pelo sofrimento que tem ao lado da jovem, bela, infiel e impulsiva Anna. 

Mesmo sem que esteja apaixonado por Eleonora, eles chegam a ficar noivos e ele volta a frequentar os ambientes sofisticados da burguesia romana, onde volta a ser bem recebido. 

No entanto, pouco tempo antes do casamento ele reencontra Anna, à noite, na rua, sob uma forte chuva e sendo assediada por dois homens. Marcello a reconhece e lhe oferece uma carona. Com isso, a velha paixão por Anna volta a ficar muito intensa e 

Marcello toma a decisão de anular o noivado e reiniciar o romance com a belíssima jovem.
Marcello novamente encerra o relacionamento, sempre turbulento e que o faz sofrer, que tinha com a jovem e sensual Anna. Com esta bela jovem ele está, de certa maneira, condenado a viver momentos extremos, marcados por grande felicidade e por um grande sofrimento. 
Durante o filme isso irá acontecer em várias oportunidades: Marcello irá dar uma nova oportunidade para a bela Anna, acreditando que ela irá mudar de comportamento e que deixará de se envolver com outros homens, mas isso nunca acontecerá. 

Eles chegam a morar juntos, a passear na praia, a se amar intensamente e tudo indica que desta vez tudo dará certo entre os dois.

Mas não demora muito para que Marcello descubra que está sendo traído novamente pela insubmissa e incontrolável Anna e, desta vez, isso acontece com um músico (Nello D’Amore) que faz parte de um grupo teatral itinerante. 

Desta vez, Marcello não suportará a dor e a humilhação que a bela jovem lhe impingiu e decidirá por encerrar o relacionamento com Anna de maneira definitiva. 

Esta reconhece, enfim, que não consegue mudar o seu comportamento, que aquela é a sua natureza, mas diz que o ama e que deseja ficar com ele. 
Marcello retoma o romance com a bela e infiel Anna. Eles foram felizes por um tempo, mas a natureza instável e infiel de Anna impedia que isso durasse muito tempo.
E Marcello acaba por deixar Anna, talvez por perceber que se enxerga nela. Marcello sabe que Anna se comporta da mesma maneira, insensível e egoísta, que ele, quando descartava as outras mulheres sem hesitar. 

Portanto, ele percebe que se insistir em continuar vivendo com Anna essa irá decepcioná-lo sempre. Ela não irá mudar. Aquela é a natureza dela.

Assim, Marcello se mantém irredutível, pega as coisas dela, coloca na mala e a leva embora, para o teatro onde o grupo do qual ela fazia parte estava ensaiando, como que mostrando que aquela é a vida que a espera. Aquele é o futuro dela. 

Desesperada, chorando, Anna corre atrás de Marcello, mas ele já foi embora. 

Sozinha, ela entra no teatro, para o futuro que a espera. 

Fim. 
Marcello leva Anna até o teatro, onde termina o relacionamento turbulento com a bela e infiel jovem. A solidão os espera... 

Informações Adicionais:

Título: Un Amore a Roma;
Diretor: Dino Risi;
Roteiro: Ennio Flaiano (baseado em romance de Ercole Patti);
Países de Produção: Itália, França e Alemanha; Ano de Produção: 1960;
Duração: 103 minutos; Gênero: Drama; Romance;
Fotografia: Mario Montuori; Música: Carlo Rustichelli;
Elenco: Mylène Demongeot (Anna Padoan); Peter Baldwin (Marcello Cenni); Elsa Martinelli (Fulvia); Claudio Gora (Engenheiro Curtatoni); Maria Perschy (Eleonora Curtatoni); Armando Romeo (Nello D'Amore); Umberto Orsini (Peppino Barlacchi); Jacques Sernas (Tony Meneghini); Anna Glori (Margherita); Fanfulla (Moreno); Anne White (Yvette). 

Vídeo - Trecho do Filme:

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