sábado, 26 de dezembro de 2015

Filme de Elio Petri: La Classe Operaia Va In Paradiso (A Classe Operária Vai ao Paraíso) - Marcos Doniseti!

"La Classe Operaia Va in Paradiso": Elio Petri - por Marcos Doniseti!
Filme de Elio Petri é uma obra clássica do Cinema Político italiano. E Gian Maria Volonté dá outro show de interpretação. 

Este clássico filme de Elio Petri sobre as lutas operárias na Itália é um dos principais filmes do ciclo do 'Cinema Político Italiano', retratando a situação da classe operária industrial italiana entre o final dos anos 1960 e início da década de 1970.
O brilhante ator Gian Maria Volonté interpreta um operário bem comportado (Ludovico Massa, mas que todos chamam de Lulu) e que é o operário-padrão, o orgulho dos patrões, pois é sempre ele que obtém a maior produtividade entre todos os trabalhadores da empresa. Ele trabalha num ritmo ao qual os outros operários não acompanham, seja porque não conseguem, seja porque não querem, pois assim serão ainda mais explorados do que já são.
Desta maneira, Lulu se mantém afastado das lutas trabalhistas e sindicais contra os baixos salários, as péssimas (e inseguras) condições de trabalho da fábrica na qual trabalha, contra o trabalho mecânico e repetitivo, que claramente lembra o filme 'Tempos Modernos', de Chaplin, e na qual todos são brutalmente explorados pelos capitalistas.
A empresa adota um sistema de produção por metas, exigindo cotas elevadas dos trabalhadores, que produzem peças que, no fim das contas, eles nem fazem ideia em que serão utilizadas e qual é a sua utilidade. E como o pagamento se dá por peça produzida, isso leva os operários a cumprir jornadas de trabalho desumanas, que aumentam os lucros dos capitalistas, mas que mantém os operários na miséria.
O sindicato luta contra esse sistema de produção por metas, querendo que os trabalhadores possam ser melhor remunerados, mas sem contestar o sistema propriamente dito.
No entanto, o operário-padrão Lulu é paparicado pelos patrões e se mantém alheio a todas as lutas sindicais, mesmo que elas estejam longe de serem revolucionárias.
Aliás, quem promove a defesa da Revolução é um grupo de estudantes que está sempre nas proximidades da empresas, discursando para os operários, tentando convencer os mesmos a se integrar à sua luta, mas são bem poucos aqueles que o fazem. 
A pobreza na qual Lulu vive gera conflitos domésticos constantes com a sua mulher e Lulu é tão brutalmente explorado que mal consegue usufruir dos bens de consumo que adquiriu graças à sua elevada produtividade. Ele mal tem tempo para usufruir daquilo que comprou e tem, no seu cotidiano, tempo disponível apenas para assistir televisão à noite, com a esposa e o filho desta (Armando), que é de um casamento anterior. 
Até que Lulu sofre um acidente, perdendo um dedo.
É quando ele percebe que, afinal, não significa nada para os patrões e, com isso, Lulu passa a se envolver nas lutas dos trabalhadores, aliando-se com os grupos dos estudantes que se pretendem revolucionários, chegando a ser demitido em função disso.
O filme de Elio Petri está diretamente relacionado às lutas dos operários italianos do final dos anos 1960 e início da década de 1970, período no qual tivemos um intenso movimento grevista no país, que permitiu aos trabalhadores da terra da Bota desfrutarem de melhores condições materiais de vida, mas sem que isso resultasse no fim da exploração dos mesmos. 
Portanto, este é um filme extremamente importante, que retrata um momento histórico relevante e reflete a respeito da situação dos trabalhadores em uma época de intensas lutas sociais e políticas que abalaram a Itália no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

Informações Adicionais!

Título: La Classe Operaia va in Paradiso (A Classe Operária vai ao Paraíso);
Diretor: Elio Petri;
Roteiro: Elio Petri e Ugo Pirro;
Ano de Produção: 1971;
País de Produção: Itália;
Fotografia: Luigi Kuveiller;
Música: Ennio Morricone;
Duração 110 minutos:
Gênero: Drama Político;
Elenco: Gian Maria Volonte (Lulu Massa), Mariangela Melato (Lídia), Gino Pernice (Sindicalista); Luigi Diberti (Bassi); Donato Castellanete (Marx); Giuseppe Fortis (Valli); Corrado Solari (Mena).
Prêmio: Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1972. 

Links:

Um comentário:

Marcos Doniseti disse...

No Youtube temos o filme completo (legendado em Português):

https://www.youtube.com/watch?v=0Knujm17DJ8