sábado, 12 de maio de 2012

'Fringe' - Brave New World (parte 2): Adeus, Bell! Que venham os Observadores! - por Marcos Doniseti!

'Fringe' - Brave New World (parte 2): Adeus, Bell! Que venham os Observadores! - por Marcos Doniseti!

Brave New World (parte 2) encerra a 'Mitologia de Bell' e faz gancho com o futuro dominado pelos Observadores!


O episódio 'Brave New World - parte 2' começa com Bell mostrando para Walter uma visão do que seria o seu Universo. 

Ele diz que fez o Universo em 6 dias e que ele, Bell, demorou muito mais tempo. Ele diz que seu Universo é precioso, mas que ainda não está pronto. Bell diz que a criação deste Universo já começou e que ele não poderia mais interromper o processo, mesmo que desejasse e que ele não deseja isso.

Bell fala para Walter que, como cientistas que são, eles sabem que o Destino não é nada mais do que 'a convergência de um acúmulo de probabilidades em um resultado potencial'. Ele também fala que não existe intervenção divina neste processo de criação dos Universos, mas que foi Deus que levou Walter a encontrá-lo.

Olívia e Peter vão ao laboratório, mas não encontram nem Walter e nem Astrid. Peter vê a torta de limão na qual Walter testou o cortexiphan, que tem o poder de regenerar os tecidos, mas Peter não sabe disso.

Peter pergunta para Olívia se ela quer fala do 'truque mental de Jedi' que ela usou contra Jones e ela diz que sabe que tem esses poderes, mas que não consegue entendê-los e pensa que os mesmos se devem ao cortexiphan. Peter pede que ela se submeta a testes quando Walter voltar e ela concorda.

É impressão minha ou Peter teme os poderes de Olívia? Talvez ele tema tais poderes nem tanto por ele, mas pela própria Olívia, pensando que algo de ruim poderá acontecer com ela pelo fato de não entendê-los.

Jessica Holt telefona para Olívia e diz que está sendo seguida, mas não sabe por quem. Olívia diz que irá até lá. Na casa de Jessica, aparece September, que fica preso ao chão, sobre o desenho de um runa de êxtase.

Quando Peter e Olívia chegam à casa de Jessica, eles não a encontram e vêem um buraco no chão, onde se encontrava September. Olívia acha a carteira e o telefone de Jessica, dando a entender que ela foi sequestrada e que corre perigo. Essa foi uma jogada muito inteligente de Jessica, pois garante que Peter e Olívia continuem investigando o caso e acabem indo até o local em que ela deseja, de fato, encontrá-los.


Interessante é que, quando estão na casa de Jessica, em determinado momento aparece a imagem de um Pentagrama (estrela de 5 pontas) na parede da casa. Este é um símbolo que possui inúmeros significados, mas um deles diz que o mesmo representa a 'união fecunda, o casamento'. E no final do episódio ficará claro o motivo deste símbolo ter aparecido quando Peter e Olívia estavam na casa de Jessica.

Depois de serem informados do local para o qual Walter e Astrid foram, no porto de Boston, Olívia e Peter vão para lá. Quando eles chegam ao local, aparece uma imagem com os dizeres 'Eden, 2036'.

Eden refere-se aos planos de Bell, que aniquilar com os dois Universos e que deseja começar tudo novamente, criando um novo Universo. E 2036 é o ano em que vimos os acontecimentos de 'Letters of Transit', com os Observadores dominando a Terra depois de exterminar com quase toda a Humanidade.

Olívia pergunta para Peter qual a conexão existente entre o uso dos raios de sol para incendiar uma reserva de petróleo-gás e dos nano-robôs em seres humanos com os planos de criação de um novo Universo.

A conexão, que Olívia ainda não descobriu, é ativar ainda mais os seus poderes, que serão fundamentais para os planos de Bell, como se perceberá posteriormente.

Broyles informa Olívia que Astrid se encontra ferida e hospitalizada.

Olívia e Peter encontram September no armazém e aparece Jessica, com uma arma. Ela dispara vários tiros contra September e diz que ele consegue impedir de ser atingido pelos mesmos graças à tecnologia. Daí, ela saca outra arma (criada por Bell, é claro) que dispara mais rapidamente, e fere September. Mas quando atira em Olívia, esta consegue rebater as balas na direção de Jessica, que morre ali mesmo. Até September parece ficar surpreso com isso.

Aliás, ele também diz que Jessica não deveria saber como fazer para mantê-lo preso ao chão, usando do símbolo de uma 'runa de êxtase', pois tal conhecimento ainda está longe do alcance da Humanidade. Como se percebe, September não é tão bom, assim, em prever os acontecimentos, não é mesmo? No final do 3o. Ano ele disse que Peter nunca teria existido e, daí, vimos que o Peter jovem-adulto é que não tinha existido na nova Timeline Reescrita, mas o Peter-criança existiu, sim, e nos dois Universos, mas ambos morreram com 7 anos de idade. 


Outro momento muito interessante, e que permaneceu misterioso, foi quando Olívia pergunta para September sobre a vez em que ele disse que ela teria que morrer em todos os possíveis futuros e ele diz não se lembrar disso.

Será que essa arma inventada por Bell, que feriu September, não poderá ser usada no futuro conflito que acontecerá entre a Humanidade e os Observadores? Não duvido. Afinal, ela poderá ser produzida em grande escala para combater os planos de conquista dos mesmos. Ela foi uma espécie de 'presente involutário' que Bell deixou para trás.

E muito enigmática, para Peter e Olívia, foi a frase dita pelo September, de que espera voltar a tempo. Tudo indica que ele está se referindo aos planos de conquista da Terra do século 21 pelos Observadores, e que ele pretende retornar a tempo de ajudar a impedir que isso aconteça. Porém, naquele instante, Olívia e Peter não se dão conta à que ele está se referindo, é claro, pois tais planos ainda não são do conhecimento deles, pelo menos no ano de 2012.

Outro momento muito forte do episódio foi quando Jessica diz para Olívia 'Eu odeio crianças', pois Olívia disse que ela mentiu sobre uma suposta filha quando se encontraram. O desprezo com que Jessica diz essa frase é sensacional. Aliás, foi muito boa a participação de Rebecca Mader em 'Fringe'.

Aliás, notem mais uma semelhança entre Olívia e os Observadores: O cortexiphan têm a capacidade de regenerar tecidos, como vimos no episódio anterior, correto? E o September fala que não consegue se curar devido às runas de êxtase que o prendem ao chão. Então, os Observadores possuem a mesma capacidade do cortexiphan, que é a de regenerar os tecidos. E Olívia, tal como September, também conseguiu conter as balas disparadas por Jessica, mas de maneira ainda mais rápida do que o próprio September. Tudo isso se soma aos crescentes poderes de Olívia para mostrar que há uma forte conexão entre ela e os Observadores.

No laboratório, mesmo depois de morta, Jessica é interrogada sobre onde está Bell. A cena dela, revirando os olhos, é uma das melhores que já vi no seriado e lembra muito o que aconteceu no episódio 'Marionette', da 3a. Temporada, na qual uma jovem morta, Amanda Walsh, também foi temporariamente 'ressuscitada' por um médico.

Isso demonstra as conexões que existem entre os episódios de várias temporadas. É como se tudo que já foi mostrado na série pudesse ser, posteriormente, aproveitado e inserido na trama maior, na Mitologia da mesma. Não se desperdiça nada em 'Fringe'.

Inclusive, o aparelho levado por Nina ao laboratório para interrogar a falecida Jessica é, claramente, uma versão aperfeiçoada (pela Massive Dynamic, é claro) daquele antigo aparelho que Walter usou para ler os pensamentos do mini-Observador, na primeira temporada da série.

Olívia pergunta para Nina porque Bell a está ativando agora e ela responde que o motivo é que Bell precisa de algo que somente ela, Olívia, pode lhe dar. E o que é isso será devidamente esclarecido mais adiante no episódio.

No interrogatório, Jessica acaba dando algumas informações importantes, permitindo que Peter deduza que Bell e Walter estão em um navio. E Olívia acaba por matá-la de uma vez quando a toca, devido a uma forte carga elétrica que é desencadeada por ela mesma.

Enquanto fala, de maneira um tanto quanto desordenada, Jessica diz que gosta da sua bicicleta azul... Bem, na Internet, encontrei propaganda de uma bicicleta azul que diz assim “I LOVE MY BIKE BICYCLE BELL BLUE”. Notem a presença da palavra Bell na frase. Então, talvez a fala de Jessica seja uma referência a essa propaganda. (link: http://www.nycbicycleshop.com/bells/28-bell-action-soccer-ball.html). 

 
Jessica também diz que para destruir com os dois Universos e criar o seu, Bell precisa de uma fonte de energia e Olívia descobre (quando agita Jessica) que ela é essa fonte.

Walter pergunta para Bell qual foi o motivo dele fazer tudo isso e ele lhe responde que isso foi tudo ideia do próprio Walter, que ficou com ódio de Deus após a morte de Peter (ambos, já que nesta Timeline Reescrita os dois Peters morreram quando eram crianças) e que, por isso, ele tinha decidido criar o seu próprio Universo.

Mas depois, prossegue dizendo Bell, Walter se assustou quando descobriu que isso era possível (criar um novo Universo), mudou de ideia e pediu para que Bell retirasse um pedaço do seu cérebro a fim de impedir que ele colocasse tal ideia em prática. Mas, daí, foi o próprio Bell quem deu sequência a este projeto, pois ele chegou à conclusão de que se Deus fez o ser humano à sua imagem e semelhança, então é porque o mesmo pode vir a ser tornar um deus, se esse é o destino dos seres humanos, então isso deve se tornar realidade. Walter discorda, mas Bell fala que Walter sempre pensou assim (e ele, Bell, também...) embora discorde agora.

Assim, com este diálogo entre Bell e Walter, nós temos, finalmente, uma explicação para essa Mitologia que foi desenvolvida durante estas quatro temporadas de 'Fringe'. Este episódio representa, de fato, o fim dessa Mitologia. É claro que ainda há alguns detalhes que precisam ser esclarecidos, mas o quadro geral da Mitologia já está perfeitamente visível.

Nina fala para Broyles que pode-se usar Olívia para descobrir a exata localização de Bell, mas que não é possível desativá-la. 

Assim, fica subentendido que somente matando Olívia será possível impedir que Bell atinja os seus objetivos.

Olívia demonstra pessimismo com o que está acontecendo e fala que ela ainda é aquela criança sendo testada com cortexiphan, pois a Bell a utiliza para atingir os seus objetivos, mas Peter retruca, dizendo que, agora, ela não está sozinha, tal como acontecia quando era criança, e a abraça. Esta foi uma das mais belas cenas deste episódio, que é repleto de belas cenas, por sinal.

No navio, que está no epicentro desta tentativa de se criar um novo Universo, Bell revela para Walter que a fonte de toda aquele processo de destruição e de criação é Olívia.

Olívia, Peter e Nina vão ao local em que o navio se encontra, porém eles não enxergam nada, até que percebem que o navio pode estar no outro Universo. E como Peter é originário do mesmo e Olívia tem o poder de atravessá-los sem problemas, então os dois vão para o outro Universo e encontram o navio.

Enquanto isso, Walter tenta convencer Bell a parar com tudo aquilo, já demonstrando o seu desespero pois sabe que a única forma de interromper tudo será matando Olívia, o que ele quer evitar, é claro.

Como se percebe, os elementos desenvolvidos no seriado durante todos estes anos acabaram por ser reunidos de uma forma absolutamente coerente para dar um fechamento para a Mitologia do seriado. 

Assim, temos Peter sendo do outro Universo e desempenhando um papel importante na resolução da história; Olívia com o poder de passar de um Universo a outro sem dificuldades, o que também é usado no final; os dilemas de Walter, que se defronta com fatos que, no fim das contas, são de sua responsabilidade, já que foi ele que começou com tudo isso e, finalmente, as revelações sobre as reais motivações de William Bell (que, nas temporadas anteriores, era um personagem deliberadamente cinzento, ambíguo e indefinível), que percebeu que poderia desempenhar o papel de... Deus.

Todos estes elementos, que foram fundamentais nestas quatro temporadas de 'Fringe', estão presentes neste fechamento da Mitologia do seriado.

Inclusive, há uma cena em que Peter e Olívia se dão as mãos, antes de saltar do helicóptero, que me lembra um episódio do terceiro ano (Subject 13) no qual eles se encontram (ainda crianças, em Jacksonville), e sentem-se fortemente atraídos e no qual se percebe que o destino deles estava traçado para estarem sempre juntos, lutando para salvar Mundos e Universos afora.

Quando Peter e Olívia desembarcam no navio, Bell diz que não planejava ter seres humanos em seu Universo, mas os dois poderão ser o Adão e a Eva do mesmo. Enquanto isso, Bell faz todo um discurso, no qual explica para Peter (que ameaça matá-lo) que Olívia é a fonte de toda aquela destruição.

E é claro que Peter não tem coragem e nem ousa atirar em Olívia. Mas, Walter pega uma arma, coloca uma bala e... atira na testa de Olívia, levando Peter ao desespero, pois ela morre, é claro.

Com certeza, esse foi o clímax do episódio, da temporada e de todos esses quatro anos do seriado. Tudo que aconteceu, na Mitologia de 'Fringe', durante esse período, tem o seu encerramento na 'Arca de Bell' e o seu desfecho acontece ali mesmo.

No mesmo instante, a destruição dos Universos é interrompida e Bell demonstra surpresa com o que Walter fez. Mas, ele toca em um sino e some da presença de todos. Notem que Walter teve a chance de matar Bell, mas não o fez, talvez porque saiba da sua imensa responsabilidade em tudo o que aconteceu. Walter sabe que Bell não teria chegado tão longe se não fosse por eles, pelos projetos e pesquisas que Walter desenvolveu no seu passado.

Walter sabe que, no fim das contas, Bell é sua criação e foi por isso que ele não o matou.

E para onde terá ido William Bell, afinal? 


Eu não arriscaria a dizer que Bell morreu, não. Até porque ele está preso no âmbar em 2036. E tudo isso que aconteceu neste episódio explicou porque Walter ficou com tanto ódio de Bell, recusando-se a tirá-lo do âmbar.

Mas, Walter tem uma carta na manga e diz para Peter que se ele tirar a bala a tempo, Olívia poderá sobreviver. Peter retruca, dizendo que ela morreu e Walter responde dizendo que isso nunca o deteve. Walter sabe do que fala, pois ela está saturada de Cortexiphan (afinal, Bell o utilizou para ativar os poderes dela) e o mesmo tem o poder de regenerar os tecidos (inclusive o cerebral). E, assim, a bala é retirada há tempo e Olívia é salva.

Esse é Walter Bishop, o cientista para quem a morte é apenas uma incoveniência (ele já disse isso em um dos episódios). Quando se trata dele, não é possível dizer que alguém realmente morreu.

Walter sempre tem algo nas mãos que pode mudar o destino das pessoas e dos Universos.

Na temporada anterior, foi a Máquina (que ele construiu e que funcionava apenas quando conectada a Peter) que salvou a todos. Agora, foi o cortexiphan, droga que ele testou em Olívia quando criança, que salvou a vida dela mesma.

E no fim, temos a revelação que tantos fãs já esperavam, ou seja, a de que Olívia está grávida. Assim, Henrietta vem aí... E o Observador diz para Walter que 'eles estão vindo', levando-o a perguntar 'quem está vindo?'.

São os Observadores, Walter...

E isso mostra que, de fato, 'Letters of Transit' foi, mesmo, o episódio 'Piloto' da quinta temporada, tal como já escrevi aqui.

Aliás, o tema da quinta temporada tem tudo, sem dúvida alguma, para fazer com que ela seja excelente, permitindo que 'Fringe' seja encerrada com chave de ouro e deixando, definitivamente, a sua marca na história da TV mundial.

Que assim seja.


Obs: É claro que Walter não poderia deixar de fazer a sua piada e diz para September, quando este aparece no final do episódio, que ele não estava lá em função de um sandwich.... Este é o inigualável Walter Bishop. 

Obs.2: Nestas quatro temporadas, 'Fringe' mostrou que os conhecimentos e as tecnologias desenvolvidas por nós podem tanto ser fonte de criação, como de destruição. O Manifesto do ZFT já dizia que nossa Civilização seria destruída pelo excessivo desenvolvimento tecnológico. Assim, o seriado parece defender que deve ser feito um debate sobre a questão de se deve existir ou não um limite para a produção do conhecimento.

Mas, ao mesmo tempo que abre essa discussão, me parece que 'Fringe' adota um tom moderadamente otimista, pois, na série, parece que sempre existe uma maneira de se utilizar o conhecimento a fim de se resolver os problemas que a sua própria criação gera.

Obs3: Alguns fãs estão comentando que Olívia teria perdido os seus poderes. Mas isso não corresponde aos fatos. Tal como a própria Nina disse para a Olívia, na cena do helicóptero, ela sempre teve esses poderes. Mas eles precisavam ser ativados, que é exatamente o que o Cortexiphan faz, tal como ficou demonstrado pela maneira como Bell a utilizou nesta Timeline Reescrita e durante esta temporada.

Obs.4: Quero esclarecer que quando uso a expressão 'Adeus, Bell' no título do texto, não significa que penso que ele morreu ou que não irá mais aparecer na série. Muito pelo contrário. 

Ele deverá participar da próxima temporada, com cujos fatos ele tem conexão, pois está preso no âmbar, tal como vimos em 'Letters of Transit'. 

No caso, esse é um adeus à essa Mitologia específica que tivemos durante estas quatro temporadas de 'Fringe' e na qual o Bell foi, de fato, o principal jogador. Ele foi o Grande Mestre que fez as suas 'jogadas', tentando atingir certos objetivos, que foram revelados nesta reta final da 4a. temporada. 


Aliás, entendo que Bell é um personagem muito importante para a série e ele enriqueceria a trama da quinta temporada com a sua participação, sem dúvida alguma.


Mas, esse plano todo (essa Mitologia), que ele elaborou e colocou em ação, e que foi o centro da série durante grande parte destas temporadas, foi encerrado. 


Link:

O significado de cada runa:

http://www.devanagari.com.br/oraculos/runas/rn/r04.html

2 comentários:

pace disse...

Perfeita a sua análise sobre fringe
amei
bjs

Marcos Doniseti disse...

Obrigado, pace.

E volte sempre ao blog.