Série estreou no Brasil, no canal Space, sendo exibida às 21hs nas Sextas-Feiras!
O canal Space (58 na Sky) começou a exibir, na sexta-feira, no dia 08 de Março (às 21hs), a ótima série 'Continuum', uma ficção-científica muito boa e que é de origem canadense (exibido pela canal a cabo 'Showcase'), mas que parece americana, pois manteve uma excelente qualidade de produção durante toda a sua primeira temporada.
Inclusive, a série obteve as maiores audiências da história do canal canadense no episódio que encerrou a primeira temporada.
Resumindo a história do seriado, tudo começa em 2077, quando as Grandes Corporações cansaram de governar através de intermediários (os políticos e burocratas, sempre facilmente comprados pelo seu imenso poderio financeiro) e assumiram o controle do Estado, passando a governar diretamente.
E é claro que existe todo um aparato estatal de repressão (Justiça, Polícia, Prisões, etc) encarregado de manter a 'lei e a ordem', a fim de garantir o 'progresso' dos negócios das Corporações.
Porém, também temos um grupo, chamado'Liber8', cujo principal líder se chama Edouard Kagame. Este é interpretado pelo bom e veterano ator Tony Amendola, que já participou de inúmeras séries, como 'CSI', '-X-Files', 'Alias', e que também trabalha em 'Once Upon a Time'.
A 'Liber8' luta, usando de violência, contra essa situação de hegemonia corporativa, tentando acabar com o poder das empresas. Na série, o grupo é definido como sendo 'terrorista-revolucionário' e possui caraterísticas anarquistas.
Na série vemos uma série de referências a fatos históricos recentes e que servem como ponto de partida para a trama desta primeira temporada, em especial a crise financeira mundial que se iniciou em 2008 e que levou os governos do mundo rico (EUA, UE) a injetar trilhões de dólares no sistema financeiro privado falido (isso ocorreu, em especial, nos EUA e na União Europeia... a ajuda total ao sistema financeiro destas economias chegou aos US$ 19 trilhões).
Com isso, as corporações privadas, principalmente aquelas ligadas ao sistema financeiro e ao setor de alta tecnologia, ficaram ainda maiores e mais poderosas, passando a usar os governos de acordo com os seus interesses. Basta ver o que está sendo feito atualmente em países como Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha para se constatar isso.
Box da primeira temporada de 'Continuum'. |
Nestes países, direitos duramente conquistados pelos trabalhadores ao longo de vários séculos de luta estão sendo rapidamente eliminados a fim de satisfazer aos interesses das grandes corporações, o que está gerando uma crescente insatisfação política e social. Basta ver o resultado das recentes eleições realizadas na Grécia para se constatar isso.
O seriado também faz referências mitológicas (Teseu, referente à Mitologia Grega) e literárias (H.G. Wells, Shakespeare, Charles Dickens, George Orwell, etc).
Como exemplo disso, no episódio final, vemos Kagame recebendo o livro 'A Tale of Two Cities', de Charles Dickens, e cuja história se desenvolve na época das Revoluções Burguesas (a Revolução Americana - a Independência dos EUA - e a Revolução Francesa). E como o grupo de Kagame se vê como um grupo revolucionário e que visa destruir com o poder das Corporações, então a conexão com este momento da história está mais do que explicado.
E no diálogo entre Kagame e o jovem Alec que vimos no último episódio, temos uma clara referência à chamada 'Teoria do Caos', quando o primeiro falou que uma pedra jogada na praia pode gerar um tsunami no outro lado do mundo.
Para combater a 'Liber8', existem os policiais, chamados de 'Protetores'. E é aí que aparece a protagonista desta ótima série, que é Kiera Cameron.
Kiera é interpretada pela belíssima atriz Rachel Nichols, que participou de várias grandes produções (como 'Star Trek' - interpretando a personagem Gaila - e 'Conan, o Bárbaro' - no qual interpretou Tamara) bem como atuou em várias outras séries de TV, como 'The Inside', 'Alias' e 'Criminal Minds'.
Roger Cross ('que trabalhou em séries como 'X-Files', '24 Horas', 'Taken' e 'Fringe', entre muitas outras) interpreta Travis Berta, uma espécie de 'segundo-em-comando' da 'Liber8', mas que entra em conflito com Kagame. É que este defendo o uso de métodos mais racionais de combate, enquanto Travis é adepto da força bruta e irracional.
A história se inicia quando os membros da 'Liber8' promovem um atentado terrorista que mata milhares de pessoas, em 2077, e acabam sendo aprisionados e condenados à morte. Mas, pouco antes de serem executados, conseguem fugir de forma inusitada, através de uma viagem no tempo, que os leva de volta ao ano de 2012.
Porém, fica a dúvida: Afinal, os membros do 'Liber8' retornaram para a mesma Linha Temporal ou estão em uma realidade alternativa, cujo futuro será alterado justamente pela presença deles em um momento da história na qual, originalmente, nenhum dos seus integrantes havia nascido, ainda? Aliás, em 2012, vemos que a mãe de Kagame estava grávida dele e em um dos episódios ele chega a salvá-la.
Quando nasceu Rachel Nichols, Deus deve ter dito: 'Eis aqui a minha obra-prima'. |
Esta conseguiu se aproximar dos membros do grupo justamente no momento em que eles acionaram o dispositivo que os levou para 2012. E desta maneira eles voltam, juntos, para a Vancouver de 2012.
Assim, o conflito entre Kiera e o 'Liber8' terá continuidade nesta 'nova época' (nova para eles, é claro).
Neste novo momento da história, Kiera obtém a ajuda de Alec Sadler, um jovem gênio da informática, que vive enfurnado em seu porão fazendo coisas do 'arco-da-velha' em seus computadores'. E ele é o mesmo Alec que, no futuro, em 2077, é amigo e patrão de Kiera e também é o patrão de Greg, marido da mesma Kiera. Em 2077, ele já havia se transformado em um grande empresário, dono de uma imensa Corporação do setor de computação e de alta tecnologia.
Aliás, suspeito que essa viagem no tempo teve uma clara participação do 'velho Alec', como se a mesma tivesse sido, de alguma maneira, planejada por ele, que teria, assim, a intenção de mudar o futuro.
E ao chegar a 2012, será justamente o jovem Alec que irá ajudá-la a enfrentar a 'Liber8'.
Uma curiosidade: o 'velho Alec' é interpretado pelo fantástico ator William B. Davis, o eterno Canceroso de 'X-Files' (aliás, ele é o meu personagem preferido desta clássica série).
No ano de 2012, Kiera consegue se integrar a equipe de polícia de Vancouver, tornando-se a nova parceira de Carlos Fonnegra (interpretado por Victor Webster, que atuou em séries como 'Charmed', 'Melrose Place' e 'Castle'), com o qual passa a combater os membros da 'Liber8'. E a polícia de Vancouver é comandada pelo Inspetor Dillon (interpretado pelo ótimo ator Brian Markison, que participou de séries como 'X-Files', 'The Killing' e 'The L Word', entre outras).
É claro que o fato de Kiera saber tanto a respeito dos membros deste novo grupo terrorista levanta suspeitas em torno dela, mas com a decisiva colaboração do jovem Alec (interpretado por Eric Knudsen, jovem ator que trabalhou na série 'Jericho') estas serão eliminadas e ela passará a comandar a equipe encarregada de combater a 'Liber8'.
E para justificar o fato de que sempre tem muito mais informações sobre os membros da 'Liber8' e dos envolvidos nos crimes que investiga do que a própria polícia, Kiera passa a dizer que tem a colaboração de uma agência secreta, a 'Section 6'. Ao fazer isso, ela também consegue esconder qual é a verdadeira identidade do jovem Alec que, sozinho, é a 'Section 6' inteira.
E Kiera ainda faz uso de tecnologias que trouxe de 2077, como uma visão que lhe permite obter informações instantâneas sobre o comportamento das pessoas, fazendo um scaneamento delas. E ela ainda usa um traje ultra high-tech dotado da capacidade de, entre 'outras cositas más', torná-la invisível, por exemplo. No início, o traje dela era marrom e, agora, é preto, o que deixa Kiera bem mais sexy, convenhamos.
Nos primeiros episódios, vemos todo o sofrimento de Kiera, pois o seu grande objetivo é voltar para 2077, a fim de viver novamente com seu marido e seu filho. Mas, com o passar do tempo, ela vai se dando conta de que talvez nunca mais volte a vê-los. Até porque, existe uma grande possibilidade de que eles não estejam mais vivendo no passado da realidade da qual vieram, mas em uma realidade alternativa, em uma outra Timeline (Linha Temporal).
Ou então, eles estão vivendo na mesma realidade, mas que será modificada devido às açõe deles em 2012, sem que isso gere, obrigatoriamente, a criação de uma outra realidade. Seria uma realidade reescrita.
Essa hipótese, aliás, foi reforçada pelo fato de que quando a avó de Matthew Kellog morreu, ele não deixou de existir, como deveria acontecer caso estivessem vivendo na mesma realidade de cujo futuro eles vieram.
Kellog (interpretado pelo ator Stephen Lobo, que participou de séries como 'Fringe', 'Smalville' e 'Painkiller Jane') é um ex-integrante da 'Liber8' que gostou de viver em 2012 e que ficou milionário usando do seu conhecimento do futuro, fazendo apostas e investindo no mercado acionário.
Por isso mesmo é que ele chega a roubar de Kiera um pedaço do dispositivo que permitiu que eles viajassem de 2077 para 2012, pois quer impedir que ela tente voltar para 2077. E no fim da temporada ele conseguiu o que tanto desejava, que era ter uma noite de amor com ela. Mas depois Kiera lhe diz que isso nunca mais irá acontecer.
Afinal, o que ela desejava, de fato, era recuperar o pedaço do dispositivo que ele havia roubado dela. E assim ela o fez, pois sonha em voltar para a sua família, em 2077.
E no episódio que encerra a primeira temporada vemos um diálogo que, para mim, é fundamental para se compreender a trama, que ocorre quando Kagame disse para o jovem Alec que foi o próprio Alec (na velhice, é claro) quem lhe disse que seria possível mudar o futuro. Inclusive, no início do episódio vimos que quando Kagame estava preso, alguém lhe disse que seria possível mudar as coisas.
E depois o próprio Kagame disse para Kiera que ele e os membros do 'Liber8' estavam agindo sob a orientação do 'velho Alec' e que este era o responsável pelo plano que estavam executando.
E no fim o jovem Alec recebe uma mensagem do velho Alec na qual este explica que Kiera e os demais estão ali, em 2012, porque isso faz parte de um plano que ele mesmo elaborou.
Mas o motivo disso somente ficaremos sabendo na segunda temporada, que começará a ser exibida no próximo dia 21 de Abril e que terá 13 episódios.
'Continuum' é uma excelente e nova série de ficção-científica. Vale a pena conferir.
A equipe de atores da ótima primeira temporada de 'Continuum'. |
Obs1: Segundo o criador de 'Continuum', Simon Barry, na segunda temporada veremos que Kiera irá procurar alguma maneira de retornar para 2077 e continuará lutando contra a 'Liber8'. E também teremos a introdução de novos personagens e o desenvolvimento de novas histórias no seriado, evitando que a série caia na mesmice.
Assim, 'Continuum' tem tudo para continuar sendo uma ótima série e que está, cada vez mais, conquistando um público crescente.
Que continue assim.
Obs2: No episódio final de 'Continuum' tivemos a participação do ator Nicholas Lea (que é canadense) e que também atuou em 'X-Files', fazendo o papel de Alex Krycek. Aliás, William B. Davis também é natural do Canadá. E o ator Ian Tracey (outro canadense) que interpretou o personagem Jason no último episódio da série, e que fez aquela esdrúxula 'máquina do tempo', também trabalhou em 'X-Files', no episódio 'The Walk' (3X07).
Links:
Continuum - Showcase:
http://continuumtheseries.com/
http://www.showcase.ca/blogs/528/continuum-in-production-for-season-two
Continuum - Omelete:
http://omelete.uol.com.br/programacao-da-tv/series-e-tv/programacao-da-tv-4-10-de-marco/
Continuum - IMDB:
http://www.imdb.com/title/tt1954347/
Anarquismo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anarquismo
Roger Cross:
http://www.imdb.com/name/nm0003078/?ref_=tt_cl_t11
Rachel Nichols:
http://www.imdb.com/name/nm0629697/?ref_=sr_1
William B. Davis:
http://www.imdb.com/name/nm0205657/?ref_=sr_1
4 comentários:
Estou vendo o terceiro episódio quando tive a curiosidade de ler críticas e cheguei ao seu blog que confesso me despertou maior interesse. Vi alguns furos que podemos depois debater. Mas o principal é ser a Libert8 ter sido tratada como antagonista da trama e não os protagonistasFaltou profundidade política nesta trama revolucionária o que deslocou a alcunha de meros "terroristas".
A série Jogos Vorazes conseguiu explorar bem a luta contra a injustiça sistêmica, entretanto a série endossa o poder constituído (corporativo). os próprios "revolucionários" são tratados como psicopatas fanáticos, por causa da questão política muito mal tratada na trama, do contrario o publico se simpatizaria com eles.
Assisti a um episódio e estou louca para ver mais. Amei o seu post.
A série é ótima, Bonita.
Já vi todos os episódios e recomendo.
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